sexta-feira, abril 30, 2004

ALQUIMIA


Antes eternamente
Louca, do
Que mais
Uma vez
Ignorada -
Marginalizada -
Ingenuamente
Afastada de ti!

Antes simplesmente
Livre, do
Que continuamente
Uivando o meu
Infeliz e
Mórbido
Imaginário
À Lua!

Até que os
Lobos
Queiram,
Unirei os
Irresistíveis
Materiais,
Inventando
A Filosofia.

Até que a
Lua me dê só
Quartos-minguantes,
Usarei as energias
Irradiantes para as
Metamorfoses
Inconsistentes da
ALQUIMIA.

PO 25-04-89

Este foi mais um poema inspirado por uma mulher. Metamorfoses, transformações, mudanças -ALQUIMIA!
Dedico-o a todas vós, mas hoje especialmente à Blue.
Bjs :-)

quinta-feira, abril 29, 2004

Ansiedade


Outrora
viajava pelos inóspitos
territórios do meu mundo
de neurónios cancerígenos
e buscava
algo que me distraía
e afastava da doença
que então me dominava
e consumia aos pedaços.

Hoje
tento o reencontro
com esse prazer efémero
que se me afigurava eterno,
mas os caminhos
são já negros e lodosos,
provocando uma podre
e lenta agonia
da esperança.

Um dia
visitarei de novo
o palácio perdido dos sonhos
onde antes bailei
com a mais pura donzela.

E então
cairei nos braço de Morfeu
e deixar-me-ei morrer
na doce e ingénua
perversidade
dos seus lamentos.

PO 26-5-89


(Mais um dia atarefado: um reunião que durou um dia inteiro; um fim de tarde extenuante.
Deixo-vos com mais um poema - este já foi publicado no Blog do VS28. Assim respondo a um pedido de alguns amigos, de republicar aqui o que já "emprestei" a outros blogs)
;-)

quarta-feira, abril 28, 2004

The Great Pretender


Yes I’m the great pretender
Pretending that I’m doing well
My need is such I pretend too much
I’m lonely but no one can tell

Yes I’m the great pretender
Adrift in a world of my own
I’ve played the game but to my real shame
You’ve left me to grieve all alone

Too real is this feeling of make-believe
Too real when I feel what my heart can’t conceal

Yes I’m the great pretender
Just laughin’ and gay like a clown
I seem to be what I’m not, you see
I’m wearing my heart like a crown
Pretending that you’re still around

Buck Ram - The Platters
(Nº 1 in 1956, mais tarde o Freddy Mercury deu-lhe outro vigor )

Como vêem, continuo atarefado - muito trabalho.
Mas mais uma vez consegui colocar algo que continua a bater certo comigo.
Consegui ler os comentários ao Post anterior, mas não consigo responder. O meu fornecedor deste serviço continua a falhar. Sei que alguns de vocês não conseguiram comentar, de novo. Não desistam - há alturas em que está a funcionar.
Obrigado a todos mais uma vez pelo incentivo, pela força e pelas doces palavras que me dirigiram.
Se isso vos interessa: tenho estado muito bem, nestes dias!

terça-feira, abril 27, 2004

Paixão


Dói-me a Paixão - essa ânsia, essa espera -
Tal qual uma tosca Primavera
Em que as plantas só dão o fruto - nunca a flor.

É que a Paixão - essa fragrância, essa quimera -
O meu coração louco desespera:
Porque morre e, do seu luto, não nasce o amor.

PO 26/10/89


PS: Eu sei que prometi colocar originais actuais, mas tenho tido uma semana super atribulada, e o cansaço tem-me dominado, não me sobrando força, engenho ou arte para escrever coisas novas. Além disso, como sempre, não importa quando foi escrito: este aplica-se ao que sinto nestes dias...

segunda-feira, abril 26, 2004

Cold Wind


Sometimes,
From the darkest corner of my mind,
The cold wind of winter past blows,
Removing the gray dust
That usually covers my memory.

My head then aches with painful sorrow
Wondering,
Wishing that maybe tomorrow
This cold wind fades into breeze
And those nightmares go away.

If only I could fly -
Take off – disappear
Without asking why,
To the ancient dream locked in my brain,
I would return to that sweet youth
Where my heart left a bloodstain.

But that cold wind never disappear
Not even when the day is clear
And the sun warms my gentle sleep -
And I become crazy and lunatic.

Come,
Cold Wind,
Bring on my ghosts
Of past, of future and present time.
Let them take control of me,
Let my heart in stone to be,
And let them steal this love of mine.

And then
Turn off the light –
Down your eternal night on me.
Don’t let me hear,
Don’t let me see.
But leave my lips -
An open sea –
To cry for love to set me free!

PO 10/04/2002

Alguém me perguntava o que faço aos meus demónios...
Nada.
Deixo que me visitem de tempos a tempos - é bom para nos mantermos em guarda.

domingo, abril 25, 2004

25 de Abril - 30 Anos depois


Do 25 de Abril de 74 lembro-me que não me deixaram ir à escola primária.
Lembro-me da minha mãe ir para a Baixa, juntar-se à multidão.
Lembro-me dos helicópteros que passavam bem junto à minha casa, em Belém.
Lembro-me dos gritos de "O Povo unido jamais será vencido!".
Lembro-me que nos dias seguintes, na cantina da escola, todos nós gritávamos: "O ovo cozido jamais será comido" (LOL).

E lembro-me da seguinte canção, que daí a alguns dias todos os putos cantavam.

Isto foi, para mim, a Revolução. O resto é, como dizem este ano, Evolução!


Gaivota - Somos livres

Ontem apenas
fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei
mastigando desespero.

Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força,
ultrajaram e venderam
esta terra, hoje nossa.

Uma gaivota voava, voava,
assas de vento,
coração de mar.
Como ela, somos livres,
somos livres de voar.

Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo qualquer.
Como ela somos livres,
somos livres de crescer.

Uma criança dizia, dizia
"quando for grande
não vou combater".
Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.

Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquista
do pão e da paz.
Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás.


Ermelinda Duarte

Acho que podemos dizer, 30 anos depois, que somos livres.

Livres para crescer, voar e dizer, como diz o poema.

Livres para viver e livres para amar.

Bom feriado!

sábado, abril 24, 2004

Fé!


Um tipo decidiu ir dar um passeio até ao cimo de um penhasco, numa enorme falésia à beira do oceano.

Distraído a contemplar a beleza do mar, escorregou e precipitou-se dali a baixo em direcção ao abismo.

Enquanto ia caindo, tentava agarrar-se desesperadamente a qualquer coisa, arranhando a face, os braços e mãos, até que conseguiu suster a queda graças à ponta da raíz de uma árvore que já havia perfurado o subsolo e despontava agora alguns metros mais abaixo, semi-seca.

O homem permaneceu ali, seguro com todas as suas forças, gritando a plenos pulmões:

"- Há aí alguém? Ajudem-me, por favor! Socorro!"

Mas não havia sinal de nenhum outro ser naquelas paragens.

Notando que estava a ficar com as mãos suadas, e com dores dos arranhões entretanto sofridos, desesperado, olhou para o céu e gritou:

"- Deus! Preciso de Ti! Ajuda-me a sair desta situação!"

Nesse mesmo instante, uma voz suave e reconfortante fez-se ouvir:

"- Meu filho, a tua fé salvou-te! Para chegares lá abaixo são e salvo, basta apenas que largues essa raíz, e te deixes cair, que eu acompanho-te na descida e não deixarei que nada te aconteça!"

O homem esperou um pouco e gritou:

"- Socorro! Não há aí mais ninguém que me possa ajudar???"


Steve Noble (a tradução é minha)


Esta história também foi retirada do livro que ando a ler há alguns dias (Naked Leader).
É uma anedota, mas fala muito a sério do que significa ter Fé.
Ter Fé é, sobretudo, acreditar - mas não só acreditar num deus ou numa série de leis ou dogmas: é acreditar em nós, e na confiança que temos - ou não - nas nossas convicções.
E ter Fé e ter Esperança são coisas diferentes: ter Esperança significa esperar que aquilo que desejamos pode acontecer algures no futuro; ter Fé significa que temos a certeza que isso vai acontecer!

No caso do homem da história, não tinha fé nenhuma (ou teria largado a raíz); mas tinha muita esperança, pois ainda achava que outro alguém poderia vir ajudá-lo.

Eu largava a porcaria da raíz!

E tu: tens Fé ou tens Esperança?

Tous Les Visages de L'Amour


She
May be the face I can't forget
A trace of pleasure or regret
May be my treasure or the price I have to pay
She may be the song that summer sings
May be the chill that autumn brings
May be a hundred different things
Within the measure of a day.


She
May be the beauty or the beast
May be the famine or the feast
May turn each day into a heaven or a hell
She may be the mirror of my dreams
A smile reflected in a stream
She may not be what she may seem
Inside her shell


She who always seems so happy in a crowd
Whose eyes can be so private and so proud
No one's allowed to see them when they cry
She may be the love that cannot hope to last
May come to me from shadows of the past
That I'll remember till the day I die


She
May be the reason I survive
The why and wherefore I'm alive
The one I'll care for through the rough and ready years
Me I'll take her laughter and her tears
And make them all my souvenirs
For where she goes I've got to be
The meaning of my life is

She


Elvis Costello


sexta-feira, abril 23, 2004

Obrigado


Queria agradecer os comentários de todos os amigos e amigas que leram o meu post de ontem.

Queria dizer que as vossas palavras são sempre mais lindas que as que eu aqui escrevo.

E que há uma diferença entre o que escrevem os que me visitam regularmente e que já mantém uma relação continuada comigo, e os que me visitam uma vez e nunca mais aparecem, ou não deixam um contacto, ficando quase anónimos.

Leio todos, mas peso a sua importância para mim de forma diferente.

E, no entanto, às vezes parece-me reconhecer quem está do outro lado...

Obrigado!


quinta-feira, abril 22, 2004

Check-Up Anual


Hoje fui ao médico.

É obrigatório na firma onde trabalho.
Todos os anos fazemos exames clínicos para avaliar o nosso estado de saúde.

Estou bem.

Tenho o peso ideal para a altura (1,78 m).
Os níveis de colesterol, triglicéridos e glóbulos brancos estão normais.
Logo, não preciso de dietas ou de ter cuidado excessivo com o que como.
Electrocardiograma sem nada a assinalar.
Pressão arterial normalíssima.
Radiografia que só confirma a escoliose - estacionária.
A miopia cá continua - nada de grave.
Tenho que ir tratar dos dentes.

"Você está muito bem para os 35 anos!" - disse.

"Tenho que fazer exercício" - digo.

"Pois, isso nunca é de mais" - responde.

"Até para o ano" - despeço-me.

A maior parte dos meus colegas têm que fazer mais exames ou dietas ou tomar algum tipo de medicamento (anti-stress, anti-depressivos, anti-colesterol, etc).

Eu estou óptimo.

Óptimo?

Então por que me sinto assim?



...Não há um Check-Up para o Amor?

quarta-feira, abril 21, 2004

Morte de Uma Margarida


É tua a imagem no espelho,
Reflexo inverso do mundo,
Memória do sonho velho
Que ainda me baila na alma.

São os teus lábios ardentes,
Tuas mão suaves e quentes,
Que me percorrem o corpo,
Que me perturbam a calma.

E o espelho devolve sempre
A mesma imagem que mente,
O mesmo reflexo eterno.

E surgem-me pensamentos,
Recordações de momentos,
E morro de frio no Inferno.


PO 17/01/89

As palavras são de minha autoria, mas o sentimento é de uma mulher: a minha mana. Bjs! ;-)

terça-feira, abril 20, 2004

Tão Longe de Lugar Nenhum


Há muitos anos li um livro da Ursula K. Leguin, que se chamava, em Português, "Tão Longe de Sítio Nenhum".

É a história de um amor adolescente, de um rapaz e de uma rapariga que, a princípio, não têm nada em comum, mas que acabam por se apaixonar.

Banal.

Mas na altura achei-o lindo!

Escrevi na primeira página: É talvez o mais belo livro que alguma vez li!

E, numa nota acrescentada cerca de 10 anos depois: Comentário de adolescente tardio!

Se nessa altura me envergonhei do exagero do primeiro comentário, hoje envergonho-me do desprezo do segundo.

Afinal qual dos dois sou eu?...

Talvez isto possa ajudar:


Nessa atitude de estar
Persistente
Longe da gente
E
Porém
Toda a gente
Amar

Vejo-te aqui
Frente a frente
Presente
Mas sempre
Ausente
Eternamente
A pensar

Longe, lá longe
A nascente
Sul norte
Ou poente
Mas sempre longe
Sempre
Tão longe de nenhum lugar

PO 20-03-89


Pois, eu continuo a ser este...
... Sempre longe de lugar nenhum...

segunda-feira, abril 19, 2004

SURDO


Sinto que me foge o amor.

Sinto transformar-se
Essa dor
Num sentimento vulgar.

Sinto que me foge o calor.

Sinto mudar-se
Em vapor
Essa vontade de amar.

E sinto um coração ôco.

Do muito
Já só um pouco
Me faz continuar feliz.

E o meu espírito
Assim louco
Grita-me!
Num vozeirão rouco...

...E eu não ouço o que ele diz.


domingo, abril 18, 2004

Como será amor em língua cibernética?


Hoje não tive electricidade em casa, de manhã.

Acordámos com a luz do dia; fizémos o pequeno almoço recorrendo a métodos mais arcaicos; saboreá-mo-lo sem interferências: sem TV, rádio, nem telefone (que também já depende da corrente eléctrica).

Li vários capítulos do meu livro de cabeceira e brinquei com o meu filho (e não foi a jogar playstation ou computador!).

Por volta do meio-dia a energia voltou.

Liguei o PC e comecei a visitar os vários blogs amigos.

E no blog da Maria (vão lá ver!) estava um poema do António Gedeão que fala acerca da memória que as gerações vindouras terão de nós.

Fala essencialmente de uma coisa: se acontecesse uma hecatombe nuclear - se a humanidade desaparecesse por completo - quem transmitiria a nossa história?; que fósseis deixaríamos?; que vestígios poderia a nova raça pesquisar para saber o que nós pensávamos e sentíamos? Como entenderiam o Amor?

E no fim deixa a seguinte questão: Como será amor em língua cibernética?

Num mundo escravo da energia, com cada vez mais informação arquivada em suportes digitais e magnéticos, quando ela faltar o que nos restará?

O A.G. tem razão para as suas dúvidas, mas esta nossa dependência de energia tem destas coisas: por vezes ela falta; por vezes há avarias; por vezes acidentes; por vezes simples manutenções.

Por vezes regressamos às origens - ler livros, ver fotos antigas, passear, falar, ouvir, namorar! - e nessas alturas os mais novos apercebem-se que a modernidade nada mais é que uma outra forma de fazer as mesmas coisas.
É importante passar estas coisas de pais para filhos, uma vez que a genética ainda não o consegue (talvez um dia - mas espero que não).

Quanto ao futuro, se outros seres (para além dos humanos extintos) quiserem saber o que pensávamos, sentíamos, fazíamos - terão a mesma dificuldade que nós sentimos hoje em relação aos dinossauros: sabemos como eram, como agiam, como viviam - mas saberemos alguma vez o que sentiam e como pensavam? (e o amor ?)

E não será isso um segredo que cada um de nós quer guardar?

O que queremos que se saiba deixamos escrito ou gravado num qualquer suporte - e do Amor e da Guerra a humanidade deixa mais vestígios do que de qualquer outra coisa!

O que não queremos, morre connosco - para sempre.

Nada de mal nisso.


PS: há um filme delicioso do Kubrick e do Spielberg (IA -inteligência Artificial), em que o último vestígio da mente de um ser humano está no cérebro de um robô (um menino), e os ETs conseguem usar essa memória e um fio de cabelo humano para permitir um último desejo desse último representante da humanidade: o viver mais um dia com a sua mãe adoptiva - a pessoa que mais amava no mundo.

Quem não gostaria de ter um último desejo destes antes de se apagar por completo?


:-)

sábado, abril 17, 2004

Hoje é Sábado


Mais logo talvez escreva algo.

Por agora, visitem o VS28 - ele também anda como eu: ou com falta de tempo ou com falta de inspiração...

Por isso juntámos esforços... Desculpem-nos a ambos.

Da minha parte prometo que a partir da próxima semana começo a publicar material original.

Bom Sábado!

sexta-feira, abril 16, 2004

Insónia?


Hoje acordei às 5:30 da manhã e não consegui dormir mais.

Dei voltas e voltas na cama, fui ver televisão, voltei a tentar dormir, mas não deu.

Estava ansioso sem motivo algum...

Levantei-me e fui para o trabalho - eram 8 horas quando cheguei!

Tive cerca de duas horas para organizar tudo o que tinha em atraso, planear o meu dia, e ainda deu para ver os blogs matinais.

E então o escritório encheu-se de gente e a azáfama iniciou-se.

Tive cinco(!) reuniões ao longo do dia; despachei assuntos urgentes sem qualquer pressão; entreguei relatórios antes do prazo limite; e li artigos que tinha em cima da secretária há dias.

Almocei (sentado!) com colegas durante uma hora completa!

Até lanchei!!!!

Às 19:00 deixei a empresa e embrenhei-me no escasso trânsito do último dia das férias da Páscoa.

Em menos de meia-hora estava em casa.

Deitei-me no sofá e acabei por adormecer, até ser hora de jantar.

Dou graças aos deuses pela insónia que tive hoje.

Foi um dos melhores dias deste ano.

E sinto-me muuuito bem.

A ansiedade passou! :-)

quinta-feira, abril 15, 2004

Até Amanhã!


Sinto-te.

Sinto-te não porque estejas aqui, mas sim porque aqui não estás.
É que, na ausência do teu ser, sinto a tua falta.
Porque não estás aqui!

É nessa presença implícita,
Na ausência permanente a que me habituaste,
Que eu vivo sempre.

É nesta perpétua ausência
Presente em cada dia que passa por mim
Que martirizo a minha mente.

Sinto-te.
Sinto a tua ausência.
Assim como sinto a tua presença.

E o coração não hesita um momento.
O bater prossegue, intenso,
E segue em frente sem pedir licença.

Sinto-te.
Por isso não estou só.
Estou triste até amanhã!


PO 8-07-89

quarta-feira, abril 14, 2004

Isto vai passar...


Juro que não é teimosia, depressão ou falta de inspiração.

Mas não tenho vontade - não me puxa para escrever ultimamente.

E não quero fazê-lo só por fazer.

Há muitos assuntos acerca dos quais falar, coisas já escritas por publicar, debates a efectuar, comentários e respostas por dar.

Mas, desculpem, apetece-me descansar.

Mas leio-vos todos os dias e comento sempre que possível.

Não vou embora.

Não vão embora.

Isto vai passar...

beijOs e aBraços!

terça-feira, abril 13, 2004

*


Encontra-se
Algures
(Não sei onde)
O segredo
Da minha felicidade.

Quero seguir
Pela estrada da vida
E encontrá-la
Desprevenida -
Mas encontrá-la
De verdade!

PO 18-01-89

segunda-feira, abril 12, 2004

Livres!


Hoje não tenho nada de profundo para dizer.
Mas não tenho que ter!

Não vou buscar um poema ao meu baú, nem vou colocar a letra de uma canção que me toque.
Não me apetece.
E não tem que me apetecer!

Não é falta de inspiração - ainda agora escrevi dois poemas - mas não os publico hoje.
Não quero.
E não tenho que querer!

Só para deixar bem claro que não há obrigação em publicar algo - faço-o quando quero e me
sinto à vontade - e bem - ao fazê-lo.
Mas não tenho que o fazer!

E não tem que ser LINDO, ou EXCELENTE, ou PERFEITO ou CULTO.
Pode ser uma merda.
Mas não tem que o ser!

Só para deixar bem claro que este mundo - como o outro - é de todos!
E não me sinto obrigado a comentar ou a responder a quem comenta.
Faço-o porque sou livre de o fazer!

E presumo que acontece o mesmo com toda a gente, por aqui:

Livres!

domingo, abril 11, 2004

Dispam-se!


Estou a ler um novo livro.

Estou numa fase de reencontro com a leitura, uma vez que em tempos já tive essa paixão, mas nunca li tanto como ultimamente.

Desta feita é um livro que tem muito a ver com a minha área profissional, mas acaba por se aplicar também à vida em geral, e a cada um de nós em particular.

Chama-se "The Naked Leader Experience" e é escrito por um autor que já tinha publicado um outro Best Seller ("The Naked Leader"), David Taylor.

O tema deste segundo livro é: "Imagine se simplesmente não pudesse falhar... Como viver a vida para a qual nascemos".

Gira tudo acerca do que gostaríamos de fazer, ser, ter e de como o conseguir, sem nenhum outro artifício que não seja a nossa própria força - o que temos dentro de nós - por muito que nos façam pensar que não tenhamos nada.
Acreditem - está tudo cá dentro, apenas precisamos de nos conhecer a nós próprios (eu sei que parece conversa daqueles tele-evangelistas, mas não é esse o estilo do livro).

Não sei qual é o título em português porque a edição que comprei é inglesa (pois, foi comprado no aeroporto, para ler enquanto transitava de país para país), e por isso não posso dar pormenores quanto à edição e onde o podem comprar, mas mais dia menos dia aparecerá por aí - tem cerca de 400 páginas, mas lê-se bem.

Enfim, tudo isto para comentar uma das partes do livro que mais me tocaram até agora e que fala de uma coisa muito simples: a que é que damos valor na nossa vida?
Mais concretamente, quem é importante para nós, nesta vida?

E assim, em determinada altura, cita um texto de um outro autor, Christopher Morley, que diz o seguinte (a tradução é minha):

"Se tivéssemos cinco minutos de aviso antes de falecermos de morte súbita, apenas cinco minutos para falar sobre o que tinha significado a vida para nós, todas as linhas telefónicas ficariam a abarrotar de chamadas para as pessoas que realmente tiveram importância na nossa vida, simplesmente para deixar bem claro que as havíamos amado, mesmo aquelas a quem nunca o havíamos dito."

"Então, porquê esperar que isso aconteça?"
- pergunta o autor - "Façamo-lo agora!"

E depois pensei: a quem telefonaria eu?

E então pensei na minha primeira namorada após a adolescência - amei-a!
Tinha que lhe telefonar a dizer que teve importância; que adorei cada momento que passámos juntos; que recordo com saudade a paixão louca que nos assolou a ambos; e que não importa como acabou - o que importa é que serviu de ponto de partida para tudo o resto.

Depois tinha que telefonar à minha mulher - amei-a!
Tinha que dizer-lhe que, independentemente dos desacatos, discussões, desencontros e afastamentos, passámos momentos lindos; ultrapassámos juntos obstáculos que ninguém deveria ser obrigado a passar; lutámos contra interesses que nenhum jovem deveria suportar; vivemos uma vida breve mas cheia de coisas boas - nunca foi uma vida chata!; e criámos os dois filhos mais belos do mundo; e fizémos amor da forma mais louca e apaixonada de todas; e que, se pudesse ser velho ao pé de alguém, ela seria a primeira a ser escolhida.

Ainda teria tempo para ligar a quem eu nunca declarei o meu amor, excepto em sonhos.
Tinha que deixar bem claro que já não sentia isso agora, mas que, em determinada altura da minha vida, quando estive em baixo, foi o pensar e sonhar com essa pessoa que me aguentou - e tinha que dizer-lhe isso.

Por último, teria que telefonar aos meus pais e aos meus filhos - amo-os!
Tinha que agradecer-lhes tudo o que fizeram por mim, e tudo o que me possibilitaram fazer por eles.

E, se ainda tivesse uns segundinhos, tinha que ligar à minha paixão do momento - independentemente do grau de intensidade - só para deixar bem claro que gostava dela! Porque não podia morrer sem estar a amar ninguém.

É um excelente exercício porque nos faz realizar quem teve ou tem ainda impacto na nossa vida!

Experimentem.

Dispam-se!

sexta-feira, abril 09, 2004

Como nos Blogs


Ontem, o taxista que me conduziu ao aeroporto de Orly, em Paris, era português. Nada de espantar, claro - todos sabemos que há muitos emigrantes portugueses em França.

Está há 35 anos em Paris, e para o ano vai reformar-se (aos 60) e voltar a Portugal.
E então a conversa foi só sobre como estavam por cá as coisas, como era a vida lá, etc.

Mas houve uma altura em que começou a falar do neto (de 7 anos - como o meu filho), que ficará em França depois de ele voltar; e das saudades que vai ter; e das coisas que faz com ele, do que lhe ensina, do que aprende com ele; e de como as crianças hoje em dia são diferentes.

E depois começou a falar da sua própria infância; e de como saía de casa de manhãzinha e só voltava já o sol não se via também me lembro disso, embora na grande cidade, nas férias); e de ir pra ao rio como os amigos; e de ir à "chinchada" (ir à fruta nos pomares dos outros); e das tareias monumentais que o pai lhe dava (e que ele já não deu nos filhos); e de como a sua mãe o defendia nessas alturas.

Enfim, foi uma longa conversa porque o trânsito estava caótico e demorámos quase uma hora até chegar ao meu destino.

No fim, dei-lhe uma boa gorjeta, apertei-lhe a mão e disse-lhe para continuar a ensinar e a brincar com o neto, pois ele irá recordar isso mais tarde com prazer; e que eu próprio ainda hoje recordava muitas coisas que o meu avô paterno me ensinou - coisas que não se aprendem na escola, com os amigos ou com os pais - e que só a paciência dos velhos nos permite que lhes tenhamos acesso.

Às vezes temos estas surpresas no mundo real: momentos de sincera conversa e partilha de experiências entre pessoas que não se conhecem...

Como nos Blogs. :-)

Boa Páscoa!

segunda-feira, abril 05, 2004

Eu não sou de ninguém...


Amigos e Amigas, vou viajar - em trabalho.

A menos que nos hotéis possa aceder à WEB, não vão ter notícias minhas antes da próxima 5ª de Paixão (que bonito nome...).
É só isso, não pensem que fechei o blog ;-)!


Vou aproveitar para pensar nas muitas coisas que me aconteceram desde há um mês a esta parte.
Das voltas e reviravoltas (amorosas e não só) que a minha vida sofreu nestes dias.
Do que fiz e do que não fiz, e do que ainda está por fazer (muito!).

Do que quero fazer com a minha vida.
Do que quero fazer com a vida de quem ainda está ligado a mim.

Do que quero fazer com todos os que me têm dado carinho e força neste mundo dos blogs, e a quem tento retribuir da melhor forma possível.

E como não quero ficar parado, deixo-vos um desafio:

A Florbela Espanca é a minha poetisa preferida.
Há um soneto que ela nunca terminou, e que acaba por ser um dos mais belos.
Ela suicidou-se por não ter ninguém que a amasse como ela amava, e este soneto dá-nos algumas pistas do que esse alguém deveria fazer se a quisesse conquistar - tivesse ela concluído o poema, e talvez tivesse sido salva.

O meu blog tem um tema: Spot Me! - "Descobre-me, Identifica-me, ..." não sei bem como traduzir, mas sei o que queria quando o criei - ser encontrado, ser salvo, ser querido por alguém.

Deixo-vos o poema que, de certa forma, reconheço como se eu próprio tivesse escrito.
No fundo, não é que não sejamos amados, mas sim o querermos ser amados de uma determinada forma, e por alguém muito especial.

E como é esse alguém? É só ler o poema!

E o desafio?

Completar o primeiro verso do soneto, como bem entenderem, com o que acham que ela desejaria, com o que acham que cada um de vocês gostaria.

É só isso.

(Não podem dizer que não é original. Espero ter muitos comentários com versos vossos no meu regresso! :-))

Beijos e Abraços.


(sem título)
.......................
.......................
.......................
.......................

Eu não sou de ninguém... Quem me quiser
Há-de ser luz do sol em tardes quentes,
Nos olhos de água clara há-de trazer
As fúlgidas pupilas das videntes!

Há-de ser seiva no botão repleto
Voz no murmúrio do pequeno insecto,
Vento que enfuna as velas sobre os mastros!...

Há-de ser Outro e Outro num momento!
Força viva, brutal, em movimento,
Astro arrastando catadupas de astros!


FLORBELA ESPANCA (Reliquiae)

domingo, abril 04, 2004

Mundo Louco


All around me are familiar faces
Worn out places, worn out faces
Bright and early for their daily races
Going nowhere, going nowhere
And their tears are filling up their glasses
No expression, no expression
Hide my head I want to drown my sorrow
No tomorrow, no tomorrow

And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I'm dying
Are the best I've ever had
I find it hard to tell you
'Cos I find it hard to take
When people run in circles
It's a very, very
Mad World

Children waiting for the day they feel good
Happy Birthday, Happy Birthday
Made to feel the way that every child should
Sit and listen, sit and listen
Went to school and I was very nervous
No one knew me, no one knew me
Hello teacher tell me what's my lesson
Look right through me, look right through me

"Mad World" - Andrews, Michael and Gary Jules
(Orig. Tears for Fears)



E acho engraçado e triste ao mesmo tempo,
Que os sonhos em que estou a morrer
São os melhores que costumo ter - irónico, não?


sábado, abril 03, 2004

Sem Palavras...

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sexta-feira, abril 02, 2004

a lua Pá


No centro
Do vazio
Circundante,
Encontro-me
A mim próprio.

Cercado
Pela multidão
Fervilhante,
Perco-me
A mim mesmo.

À margem
De tudo
E do nada
Acho-te
A ti!

PO 13-9-88

Paulinha, há muitos anos, amei o teu nome ;-)

quinta-feira, abril 01, 2004

o fim?


Só me apetece escrever em verso.
Rimar, rimar sem fim.
Mesmo a prosa me sai ritmada, mimada, acarinhada pela pena do amor.
E, no entanto, não amo - sofro por não amar.
Por não me amar ninguém.

Enfim...

Em fim?

Vivo em Ti


Quando eu morrer
Quero ser o sol do entardecer
Quero tombar sobre os teus ombros
Te abraçar
E te aquecer.

Quando eu morrer
Quero ser o brilho do luar
Quero ver-te entre as sombras
Te descobrir
E te beijar.

Quando eu morrer
Quero ser as núvens do céu
Quero descer até ti
E dizer
"Continuo teu!".

Quando eu morrer
Ficarei vivo em ti.

PO 28-8-02

Dedicada a Sonni: metadedemim.blogs.sapo.pt

6 Sentidos


Devia ter-te tocado.
Devia ter sentido
A textura da tua pele macia
E agora conseguir imaginar
Os meus dedos
Acariciando a tua face.

Devia ter-te cheirado.
Devia ter assimilado
O teu doce perfume
E agora conseguir recordar
A fresca fragrância
Do teu corpo.

Devia ter-te beijado.
Devia ter provado
O sabor dos teus lábios
E agora conseguir sonhar
Com o exótico paladar
Da tua boca.

Devia ter-te escutado
Devia ter gravado
O teu falar melodioso
E agora conseguir sentir
A suave vibração
Da tua voz.

Mas só vi a tua face
E li os teus lamentos.
A tua imagem e escrita
Registadas estão na minha mente.
Mas com o tempo irão
Desaparecer lentamente.

Devia ter-te amado
E agora acordar
Por uma qualquer magia
Sempre a teu lado.

Devia ter-te amado
Para não mais te esquecer.

PO 31-3-2004

(Para TI)