Como nos Blogs
Ontem, o taxista que me conduziu ao aeroporto de Orly, em Paris, era português. Nada de espantar, claro - todos sabemos que há muitos emigrantes portugueses em França.
Está há 35 anos em Paris, e para o ano vai reformar-se (aos 60) e voltar a Portugal.
E então a conversa foi só sobre como estavam por cá as coisas, como era a vida lá, etc.
Mas houve uma altura em que começou a falar do neto (de 7 anos - como o meu filho), que ficará em França depois de ele voltar; e das saudades que vai ter; e das coisas que faz com ele, do que lhe ensina, do que aprende com ele; e de como as crianças hoje em dia são diferentes.
E depois começou a falar da sua própria infância; e de como saía de casa de manhãzinha e só voltava já o sol não se via também me lembro disso, embora na grande cidade, nas férias); e de ir pra ao rio como os amigos; e de ir à "chinchada" (ir à fruta nos pomares dos outros); e das tareias monumentais que o pai lhe dava (e que ele já não deu nos filhos); e de como a sua mãe o defendia nessas alturas.
Enfim, foi uma longa conversa porque o trânsito estava caótico e demorámos quase uma hora até chegar ao meu destino.
No fim, dei-lhe uma boa gorjeta, apertei-lhe a mão e disse-lhe para continuar a ensinar e a brincar com o neto, pois ele irá recordar isso mais tarde com prazer; e que eu próprio ainda hoje recordava muitas coisas que o meu avô paterno me ensinou - coisas que não se aprendem na escola, com os amigos ou com os pais - e que só a paciência dos velhos nos permite que lhes tenhamos acesso.
Às vezes temos estas surpresas no mundo real: momentos de sincera conversa e partilha de experiências entre pessoas que não se conhecem...
Como nos Blogs. :-)
Boa Páscoa!
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