segunda-feira, abril 05, 2004

Eu não sou de ninguém...


Amigos e Amigas, vou viajar - em trabalho.

A menos que nos hotéis possa aceder à WEB, não vão ter notícias minhas antes da próxima 5ª de Paixão (que bonito nome...).
É só isso, não pensem que fechei o blog ;-)!


Vou aproveitar para pensar nas muitas coisas que me aconteceram desde há um mês a esta parte.
Das voltas e reviravoltas (amorosas e não só) que a minha vida sofreu nestes dias.
Do que fiz e do que não fiz, e do que ainda está por fazer (muito!).

Do que quero fazer com a minha vida.
Do que quero fazer com a vida de quem ainda está ligado a mim.

Do que quero fazer com todos os que me têm dado carinho e força neste mundo dos blogs, e a quem tento retribuir da melhor forma possível.

E como não quero ficar parado, deixo-vos um desafio:

A Florbela Espanca é a minha poetisa preferida.
Há um soneto que ela nunca terminou, e que acaba por ser um dos mais belos.
Ela suicidou-se por não ter ninguém que a amasse como ela amava, e este soneto dá-nos algumas pistas do que esse alguém deveria fazer se a quisesse conquistar - tivesse ela concluído o poema, e talvez tivesse sido salva.

O meu blog tem um tema: Spot Me! - "Descobre-me, Identifica-me, ..." não sei bem como traduzir, mas sei o que queria quando o criei - ser encontrado, ser salvo, ser querido por alguém.

Deixo-vos o poema que, de certa forma, reconheço como se eu próprio tivesse escrito.
No fundo, não é que não sejamos amados, mas sim o querermos ser amados de uma determinada forma, e por alguém muito especial.

E como é esse alguém? É só ler o poema!

E o desafio?

Completar o primeiro verso do soneto, como bem entenderem, com o que acham que ela desejaria, com o que acham que cada um de vocês gostaria.

É só isso.

(Não podem dizer que não é original. Espero ter muitos comentários com versos vossos no meu regresso! :-))

Beijos e Abraços.


(sem título)
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Eu não sou de ninguém... Quem me quiser
Há-de ser luz do sol em tardes quentes,
Nos olhos de água clara há-de trazer
As fúlgidas pupilas das videntes!

Há-de ser seiva no botão repleto
Voz no murmúrio do pequeno insecto,
Vento que enfuna as velas sobre os mastros!...

Há-de ser Outro e Outro num momento!
Força viva, brutal, em movimento,
Astro arrastando catadupas de astros!


FLORBELA ESPANCA (Reliquiae)