Dispam-se!
Estou a ler um novo livro.
Estou numa fase de reencontro com a leitura, uma vez que em tempos já tive essa paixão, mas nunca li tanto como ultimamente.
Desta feita é um livro que tem muito a ver com a minha área profissional, mas acaba por se aplicar também à vida em geral, e a cada um de nós em particular.
Chama-se "The Naked Leader Experience" e é escrito por um autor que já tinha publicado um outro Best Seller ("The Naked Leader"), David Taylor.
O tema deste segundo livro é: "Imagine se simplesmente não pudesse falhar... Como viver a vida para a qual nascemos".
Gira tudo acerca do que gostaríamos de fazer, ser, ter e de como o conseguir, sem nenhum outro artifício que não seja a nossa própria força - o que temos dentro de nós - por muito que nos façam pensar que não tenhamos nada.
Acreditem - está tudo cá dentro, apenas precisamos de nos conhecer a nós próprios (eu sei que parece conversa daqueles tele-evangelistas, mas não é esse o estilo do livro).
Não sei qual é o título em português porque a edição que comprei é inglesa (pois, foi comprado no aeroporto, para ler enquanto transitava de país para país), e por isso não posso dar pormenores quanto à edição e onde o podem comprar, mas mais dia menos dia aparecerá por aí - tem cerca de 400 páginas, mas lê-se bem.
Enfim, tudo isto para comentar uma das partes do livro que mais me tocaram até agora e que fala de uma coisa muito simples: a que é que damos valor na nossa vida?
Mais concretamente, quem é importante para nós, nesta vida?
E assim, em determinada altura, cita um texto de um outro autor, Christopher Morley, que diz o seguinte (a tradução é minha):
"Se tivéssemos cinco minutos de aviso antes de falecermos de morte súbita, apenas cinco minutos para falar sobre o que tinha significado a vida para nós, todas as linhas telefónicas ficariam a abarrotar de chamadas para as pessoas que realmente tiveram importância na nossa vida, simplesmente para deixar bem claro que as havíamos amado, mesmo aquelas a quem nunca o havíamos dito."
"Então, porquê esperar que isso aconteça?" - pergunta o autor - "Façamo-lo agora!"
E depois pensei: a quem telefonaria eu?
E então pensei na minha primeira namorada após a adolescência - amei-a!
Tinha que lhe telefonar a dizer que teve importância; que adorei cada momento que passámos juntos; que recordo com saudade a paixão louca que nos assolou a ambos; e que não importa como acabou - o que importa é que serviu de ponto de partida para tudo o resto.
Depois tinha que telefonar à minha mulher - amei-a!
Tinha que dizer-lhe que, independentemente dos desacatos, discussões, desencontros e afastamentos, passámos momentos lindos; ultrapassámos juntos obstáculos que ninguém deveria ser obrigado a passar; lutámos contra interesses que nenhum jovem deveria suportar; vivemos uma vida breve mas cheia de coisas boas - nunca foi uma vida chata!; e criámos os dois filhos mais belos do mundo; e fizémos amor da forma mais louca e apaixonada de todas; e que, se pudesse ser velho ao pé de alguém, ela seria a primeira a ser escolhida.
Ainda teria tempo para ligar a quem eu nunca declarei o meu amor, excepto em sonhos.
Tinha que deixar bem claro que já não sentia isso agora, mas que, em determinada altura da minha vida, quando estive em baixo, foi o pensar e sonhar com essa pessoa que me aguentou - e tinha que dizer-lhe isso.
Por último, teria que telefonar aos meus pais e aos meus filhos - amo-os!
Tinha que agradecer-lhes tudo o que fizeram por mim, e tudo o que me possibilitaram fazer por eles.
E, se ainda tivesse uns segundinhos, tinha que ligar à minha paixão do momento - independentemente do grau de intensidade - só para deixar bem claro que gostava dela! Porque não podia morrer sem estar a amar ninguém.
É um excelente exercício porque nos faz realizar quem teve ou tem ainda impacto na nossa vida!
Experimentem.
Dispam-se!
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