domingo, abril 25, 2004

25 de Abril - 30 Anos depois


Do 25 de Abril de 74 lembro-me que não me deixaram ir à escola primária.
Lembro-me da minha mãe ir para a Baixa, juntar-se à multidão.
Lembro-me dos helicópteros que passavam bem junto à minha casa, em Belém.
Lembro-me dos gritos de "O Povo unido jamais será vencido!".
Lembro-me que nos dias seguintes, na cantina da escola, todos nós gritávamos: "O ovo cozido jamais será comido" (LOL).

E lembro-me da seguinte canção, que daí a alguns dias todos os putos cantavam.

Isto foi, para mim, a Revolução. O resto é, como dizem este ano, Evolução!


Gaivota - Somos livres

Ontem apenas
fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei
mastigando desespero.

Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força,
ultrajaram e venderam
esta terra, hoje nossa.

Uma gaivota voava, voava,
assas de vento,
coração de mar.
Como ela, somos livres,
somos livres de voar.

Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo qualquer.
Como ela somos livres,
somos livres de crescer.

Uma criança dizia, dizia
"quando for grande
não vou combater".
Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.

Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquista
do pão e da paz.
Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás.


Ermelinda Duarte

Acho que podemos dizer, 30 anos depois, que somos livres.

Livres para crescer, voar e dizer, como diz o poema.

Livres para viver e livres para amar.

Bom feriado!