Universos Paralelos IV
(...continuação)
Há imensas situações que poderíamos tentar – todas terão sempre pelo menos duas opções, mas geralmente essa escolha será ilimitada.
E daí a necessidade de existência de uma infinidade de universos paralelos – conseguem imaginar?
Voltando ao meu exemplo original (a situação real com a minha filha), eu poderia escolher brincar com ela para sempre, e ela estaria naquele quarto comigo.
Mas depois ela poderia escolher ficar com o seu primeiro namorado, noutro sítio, noutro tempo, com outra idade.
E eu, de certeza absoluta, escolheria também uma idade em que o meu segundo filho estaria comigo a jogar à bola na relva de um jardim, num fim de tarde primaveril.
E o meu primeiro amor? É claro! Se não o primeiro, o segundo – ou o terceiro. Não interessa – escolheria o melhor de todos (ou escolheria todos!).
Não fariam o mesmo?
O engraçado desta hipótese seria o facto de que, imaginando que existiriam uma série de pessoas que nunca escolheria para partilhar a minha eternidade, estas poderiam ainda assim escolher-me como parte dos seus mais belos momentos.
E eu teria que estar lá – era a sua escolha!
Portanto, desde que não me sentisse miserável (o que Deus certamente teria em conta, não permitindo essa situação), porque não?
(continua...)
Universos Paralelos III
(...continuação)
Analisemos outro exemplo:
Imaginem que estiveram casados cinquenta anos com o vosso parceiro.
Nunca tiveram grandes brigas ou problemas graves – o Amor superou sempre tudo.
E tiremos as crianças desta equação – nunca tiveram filhos.
Morreram, chegam ao Céu e Deus deixa-vos escolher a idade que preferirem (a tal que deveria reflectir a época mais feliz das vossas vidas).
Agora pensem bem: escolheriam passar também a eternidade com a mesma pessoa? Ou aproveitariam para escolher aquele momento em que beijaram o vosso primeiro amor, naquela praia de areias finas e quentes, gentilmente salpicados pelas gotas salgadas das ondas?
Difícil, hã?
(E lembrem-se, ainda que optassem pelo vosso companheiro de vida, será que ele/ela faria a mesma opção?)...
(continua...)
Universos Paralelos II
(...continuação)
Mas simulemos que até conseguíamos efectuar a escolha, após um aturada análise do nosso passado, da melhor idade da nossa vida.
Vamos supor que eu escolhia mesmo a idade que tinha quando a minha filha estava a brincar comigo no chão do seu quarto.
Deus colocar-me-ia lá, naquele mesmo quarto de brinquedos, com a mesma janela de cortinas rosa-claro que deixavam passar a imensa luz do sol de um maravilhoso dia de Verão.
E eu esperaria um tempo infinito pela minha filha, mas ela não apareceria.
Porquê?
Primeiro, pensaria eu, porque ainda estava a viver a sua vida na Terra.
Mas depois de centenas de anos à espera, chegaria facilmente à conclusão que ela tinha escolhido uma outra idade – quase de certeza utilizando a minha mesma filosofia: teria optado por ficar com a idade em que brincava com os seus próprios filhos...
E lá ficaria eu para toda a eternidade fechado num quarto de criança, sozinho com os seus brinquedos.
E ela? Será que os seus filhos escolheriam a idade de criança ou optariam também por uma fase adulta, e por aí fora?
Ficaria também sozinha?
Conseguem imaginar um Céu cheio de pais e de mães fechados em quartos de brinquedos à espera que os seus filhos aparecessem?
Não é bem a minha ideia de Paraíso.
Nem deverá ser a vossa, de certeza.
(continua...)
Universos Paralelos I
Quando a minha filha tinha quatro anos (hoje tem mais dez), estávamos a brincar no chão do seu quarto quando me perguntou:
- Papá, quando morremos e vamos para o Céu, com que idade ficamos?
- Acho que Deus nos deixa escolher a idade que quisermos, provavelmente aquela em que fomos mais felizes. – respondi, mais para satisfazer a sua curiosidade do que para resolver a sua preocupação.
- Então acho bem que escolhas a tua idade actual, porque eu vou escolher agora como a idade mais feliz da minha vida. – replicou.
Tive que me levantar do chão, ir à casa-de-banho lavar os olhos e engolir em seco uma série de vezes até conseguir regressar à sua companhia.
Bem, em primeiro lugar tentem esquecer que isto foi uma conversa com uma criança de quatro anos de idade – não é normal. Tenho um outro filho com oito anos e, até hoje, nunca teve comigo um debate metafísico deste nível (embora expresse o seu amor de muitas outras formas).
Mas o que me fez pensar mais tarde foi a questão ali levantada: e se Deus nos deixar mesmo escolher a idade que preferimos?
O que escolheriam?
O que escolheria eu?
E até a minha filha, depois de se apaixonar ou de ter filhos, será que escolheria mesmo aquela idade?
Muito dificilmente.
A verdade é que eu próprio escolheria antes a idade em que brinquei com ela do que a idade em que brinquei com os meus pais.
Ou não?
Depois de uma vida inteira cheia de preocupações, desafios, escolhas, acidentes e incidentes, não escolheria eu antes voltar à minha infância? Ao tempo inocente em que a minha única preocupação era levantar-me o mais cedo possível para continuar a brincadeira da noite anterior?
Afinal, esta poderia não ser uma escolha assim tão fácil e óbvia.
(continua...)
Gosto de Ti!
Porquê?
Porque sim!
Porque gosto.
Porque me fazes sentir bem.
Porque posso ser eu próprio sem máscaras ou truques de ilusionismo.
Porque posso falar de tudo contigo.
Porque conseguimos ver um filme juntos, mesmo que um de nós não goste.
Porque rimos e choramos das mesmas coisas.
Porque o gostarmos um do outro já deu frutos dos quais é impossível não gostar!
Porque mesmo sem palavras nos entendemos.
Porque no escuro nos descobrimos.
Porque fazer amor contigo é sempre melhor que a vez anterior.
Porque sabe bem acordar e estares aí.
Porque gosto quando tomamos o pequeno almoço juntos.
Porque sinto saudades quando não estou contigo.
Porque quando a vida pára nós conseguimos estar um com o outro.
Porque sobrevivemos juntos a muita coisa.
Porque mesmo quando estamos mal sabemos que vai passar.
Porque tu cuidas de mim.
Porque prometi aos deuses que cuidaria sempre de ti.
Porque eu gosto de ti.
Porque nunca deixei de gostar!
Porque tu gostas de mim...?
;-)
O Evangelho segundo Maria
Isto é apenas resultado do que tenho andado a ler: começou com O Código Da Vinci (romance), passou pelo o Código Da Vinci Descodificado (factos reais e presunções falsas na origem do romance) e finalizou em O Segredo dos Templários (estudo histórico esotérico sobre uma série de coisas relacionados com tudo o que está nos outros livros). E ainda me falta ler um!
Mas continuando, segundo estes investigadores, o grande segredo dos Templários, a busca do Graal, a origem de certos grupos maçónicos, a Pedra Filosofal, etc, não são mais do que manifestações de uma grande verdade escondida há milénios pela Igreja Cristã: o verdadeiro Messias era João Baptista; Jesus não passou de um sacerdote de um culto de raízes egípcias que aproveitou o assassínio de João para "brilhar"; e Maria Madalena foi casada (ou viveu) com ele, sendo a sua principal discípula (maior que Pedro) - e é ela que aparece ao lado direito de Jesus n'A Última Ceia de Leonardo Da Vinci.
Mas porquê tudo isto? Porquê esse segredo? Porque não contaram a história como devia ser?
Aparentemente, porque ela era uma mulher e, já nesses tempos, tal poder no feminino era impensável (nomeadamente para Pedro e Paulo, que trataram de contar a história de outra forma, e de séculos de domínio de Roma, que trataram de apagar todos os outros vestígios).
Parte da base desta teoria (pelo menos da que respeita à predilecção por Maria) está no texto abaixo apresentado, um dos evangelhos gnósticos (testos antigos que foram excluídos ou que nunca entraram na composição da Bíblia), onde Pedro põe em causa o tratamento preferencial que Jesus dava a Maria Madalena.
A ser verdade (nunca será provado), isto explicaria muita coisa que aconteceu no Mundo Ocidental nestes anos todos.
E, principalmente, porque é que as mulheres só agoram recomeçam a conquistar o seu lugar na sociedade, à medida que a religião vai perdendo o seu peso na gestão dos estados.
Chapter 9
1) When Mary had said this, she fell silent, since it was to this point that the Savior had spoken with her.
2) But Andrew answered and said to the brethren, Say what you wish to say about what she has said. I at least do not believe that the Savior said this. For certainly these teachings are strange ideas.
3) Peter answered and spoke concerning these same things.
4) He questioned them about the Savior: Did He really speak privately with a woman and not openly to us? Are we to turn about and all listen to her? Did He prefer her to us?
5) Then Mary wept and said to Peter, My brother Peter, what do you think? Do you think that I have thought this up myself in my heart, or that I am lying about the Savior?
6) Levi answered and said to Peter, Peter you have always been hot tempered. 7) Now I see you contending against the woman like the adversaries.
8) But if the Savior made her worthy, who are you indeed to reject her? Surely the Savior knows her very well.
9) That is why He loved her more than us. Rather let us be ashamed and put on the perfect Man, and separate as He commanded us and preach the gospel, not laying down any other rule or other law beyond what the Savior said.
10) And when they heard this they began to go forth to proclaim and to preach.
The Gospel According to Mary
Note-se bem que não advogo nem recuso esta teoria - apresento-a aqui apenas como curiosidade e partilha de informação. Mas agradeço comentários.
Interessante, não é?
Carta de Demissão
Quero pedir urgente a demissão,
Do compromisso banal de ser adulto,
E me recuso a prestar o velho culto,
De insanidade, problemas e ambição.
Retroceder ao tempo da descontração,
Ir com os ventos, viver cada minuto,
Com a pureza no olhar, sem nada oculto,
Correr na chuva, sorrir, deitar no chão.
Quando o cansaço chegar, dormir profundo,
Ir passear no sonhar, em outro mundo,
Brincar de nuvem, num céu que é colorido.
E extasiado em viver cada momento,
Quero gritar bem alto, aos quatro ventos,
Que desse mundo sem cor, fui demitido.
"Pedido de demissão da vida adulta" - Martinho Ferreira de Lima
Ô-ô-Ô-ô-ô-ô-Ô-ô-ô-Ô-ô-ô-Ô...
Dorme meu menino a estrela d'alva
Já a procurei e não a vi
Se ela não vier de madrugada
Outra que eu souber será pra ti
Outra que eu souber na noite escura
Sobre o teu sorriso de encantar
Ouvirás cantando nas alturas
Trovas e cantigas de embalar
Trovas e cantigas muito belas
Afina a garganta meu cantor
Quando a luz se apaga nas janelas
Perde a estrela d'alva o seu fulgor
Perde a estrela d'alva pequenina
Se outra não vier para a render
Dorme quinda à noite é uma menina
Deixa-a vir também adormecer
Canção De Embalar (Zeca Afonso)
Boa noite ;-)