Universos Paralelos II
(...continuação)
Mas simulemos que até conseguíamos efectuar a escolha, após um aturada análise do nosso passado, da melhor idade da nossa vida.
Vamos supor que eu escolhia mesmo a idade que tinha quando a minha filha estava a brincar comigo no chão do seu quarto.
Deus colocar-me-ia lá, naquele mesmo quarto de brinquedos, com a mesma janela de cortinas rosa-claro que deixavam passar a imensa luz do sol de um maravilhoso dia de Verão.
E eu esperaria um tempo infinito pela minha filha, mas ela não apareceria.
Porquê?
Primeiro, pensaria eu, porque ainda estava a viver a sua vida na Terra.
Mas depois de centenas de anos à espera, chegaria facilmente à conclusão que ela tinha escolhido uma outra idade – quase de certeza utilizando a minha mesma filosofia: teria optado por ficar com a idade em que brincava com os seus próprios filhos...
E lá ficaria eu para toda a eternidade fechado num quarto de criança, sozinho com os seus brinquedos.
E ela? Será que os seus filhos escolheriam a idade de criança ou optariam também por uma fase adulta, e por aí fora?
Ficaria também sozinha?
Conseguem imaginar um Céu cheio de pais e de mães fechados em quartos de brinquedos à espera que os seus filhos aparecessem?
Não é bem a minha ideia de Paraíso.
Nem deverá ser a vossa, de certeza.
(continua...)
<< Home