Soneto do maior amor
Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.
E que só em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da vida eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.
Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo
Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.
Vinicius de Morais, Oxford, 1938
...Mas podia ser meu e escrito hoje, aqui...
Se me dissessem isto de outra pessoa, diria que era doente ou desequilibrado...
Talvez o seja...
Talvez aquela cabeçada no chão quando era puto me tenha afectado.
Não encontro outra explicação...
E isto num tipo racional como eu, é lixado...
;-)
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