segunda-feira, junho 14, 2004

Soneto do maior amor


Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

E que só em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da vida eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.

Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo

Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.


Vinicius de Morais, Oxford, 1938

...Mas podia ser meu e escrito hoje, aqui...

Se me dissessem isto de outra pessoa, diria que era doente ou desequilibrado...

Talvez o seja...
Talvez aquela cabeçada no chão quando era puto me tenha afectado.
Não encontro outra explicação...
E isto num tipo racional como eu, é lixado...

;-)