Momento de Glória
Chega de torturas mentais,
De processos infernais
De castigos da alma.
Basta de guerras e lutas,
Das mais inúteis disputas
Que me perturbam a calma.
Cessem os gritos de dor,
Os esgares de terror
Quem me ensurdecem a mente.
Acabem os sonhos escuros,
Derrubem-se todos os muros
Agora e para todo o sempre.
É chegada a hora:
Abro-me e deito fora
A putrefacta memória;
Enchendo o peito de ar,
Dentro de mim deixo entrar
O meu momento de glória.
E berra-me o coração,
Aberto de par em par:
"- Morde-te, Solidão!
Olha-me - estou a amar!"
PO 20/10/88
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