segunda-feira, maio 10, 2004

Momento de Glória


Chega de torturas mentais,
De processos infernais
De castigos da alma.

Basta de guerras e lutas,
Das mais inúteis disputas
Que me perturbam a calma.

Cessem os gritos de dor,
Os esgares de terror
Quem me ensurdecem a mente.

Acabem os sonhos escuros,
Derrubem-se todos os muros
Agora e para todo o sempre.

É chegada a hora:
Abro-me e deito fora
A putrefacta memória;

Enchendo o peito de ar,
Dentro de mim deixo entrar
O meu momento de glória.

E berra-me o coração,
Aberto de par em par:
"- Morde-te, Solidão!
Olha-me - estou a amar!"

PO 20/10/88