sexta-feira, março 19, 2004

Dia de um Filho


Ontem, após as tais reuniões de avaliação anuais, combinei com os meus colegas ir almoçar no dia seguinte a casa dos meus pais, na sua quinta perto de Tomar. Assim podíamos estar juntos fora do ambiente de trabalho, e fazer aquilo que os gestores gostam de designar por "criar laços". Nem me lembrei que ia ser dia do pai, mas fiquei contente quando essa coincidência ocorreu.

Hoje estive com o meu pai.
Está velho.
Mas não é tanto fisicamente: ligou-me várias vezes durante a viagem a saber se já estava perto. Durante o almoço falou de coisas que já havia falado antes. Repetiu-se, equivocou-se, zangou-se com a minha mãe, cansou-se.

Mas estive com o meu pai.
Gosto mais dele agora do que no passado.
Em miudo não me apoiou muito: não me deu orientação, conselhos ou ajudas concretas. Estava ocupado demais com as suas coisas.
Hoje está, de certa forma, perdido. E eu preciso de dar-lhe essas coisas que não recebi.
Irónico?
Talvez.
Mas, ao precisar de mim, dá-me a atenção que eu próprio necessito.

"Gosto de ti do fundo do coração" , Pai.